Em sua segunda fase, a Operação “Penalidade Máxima”, do Ministério Público de Goiás, apontou que grupos criminosos convenciam jogadores, com propostas que iam até R$ 100 mil, a cometerem lances específicos em partidas para gerarem o lucro de apostadores em sites do ramo. De acordo com a investigação, jogadores cooptados assumiam a missão de, por exemplo, cometer um pênalti, receber um cartão ou até mesmo colaborar para a construção do resultado da partida – normalmente uma derrota de sua equipe.
Contudo, a relação do Rio Grande do Norte com essa polêmica que tomou o cenário nacional vai muito além da citação do jogador recém-contratado pelo ABC, Thonny Anderson. Conforme apuração feita e divulgada pela redação da 96 FM, existem informações que lançam uma nuvem de desconfiança sobre o Campeonato Potiguar de 2021, que teve o Globo FC como campeão. A suspeita está relacionada à “estranha” parceria do time de Ceará-Mirim com uma empresa do Acre que teria tido influência direta na contratação de jogadores e, também, na suspeita de manipulação de resultados.
A empresa chegou como investidora do Globo para a temporada. A proposta era investir no clube e lucrar com as bonificações de competições nacionais e regionais que estariam no calendário do time potiguar. No entanto, além de aplicar dinheiro no time, uma das sócias da empresa teria tentado aliciar jogadores e até o treinador de outra equipe que disputava o Estadual naquele ano.
Há suspeitas, também, de que esse esquema tenha influenciado em decisões, não só na contratação de jogadores, mas também na rescisão de alguns contratos, inclusive, do treinador da época, Renatinho Potiguar – que teve uma saída considerada “inexplicável” na época. Renatinho pediu demissão em meio a uma série de resultados positivos com o grupo.
Um ponto alto dessa situação foi o vídeo vazado de um momento de possível interferência do presidente de honra, Marconi Barreto, no vestiário, em um episódio que gerou desconfiança de jornalistas e, inclusive, de órgãos de investigação, como Polícia Civil e Ministério Público do RN.
Pelo que foi apurado, a investigação seguiu e chegou a virar denúncia formal na Justiça Estadual. O caso, no entanto, acabou tendo sua tramitação suspensa, porque a suspeita “sumiu do mapa”.
A relação “estranha” entre clube e empresa do Acre, apesar de ter sido um caso levado adiante e se transformado em denúncia formal, não foi o único motivo de suspeita que atingiu o futebol potiguar naquele ano. Um polêmico jogo entre Força e Luz e Assu, teve 19 escanteios apenas no primeiro tempo e chegou a fazer uma casa de apostas retirar a opção da lista de possíveis apostas dos interessados, pela situação “estranha” para aquela partida.
Teve mais: naquele mesmo ano, o Potiguar de Mossoró viu, pelo menos, seis atletas, o presidente Benjamim Machado e um diretor de futebol deixarem o clube, após derrotas seguidas. E quem levantou uma suspeita foi o lateral Mattheus Gaúcho, que atuava pelo clube e participou dessa debandada.
“Meu pai e minha mãe me deram princípios. Vagabundos sem caráter se vendem! EU NÃO! Eu respeito a tradição desse clube e eu era o maior interessado em ajudar a lutar por esse clube, mas ao invés disso desprezaram quem queria ajudar”, disse Mattheus Gaúcho pelas redes sociais, na época.
Esses dois casos levantados pela reportagem da 96 e outros mais, citados na época por torcedores, jogadores e jornalistas, no entanto, não foram adiante em investigações formais de instituições ligadas ao controle do futebol. E o motivo está longe de ser a ausência de indícios. Na verdade, o fator determinante, foi a simples falta de uma denúncia formal, fundamental para a abertura de inquéritos para esses conteúdos.
Com informações de Portal 96
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