A culpa não é do ciclismo

A inquisição das redes sociais quer fazer uma nova vítima: o ciclismo. A triste notícia do falecimento de uma pessoa após um mau súbito, durante a prática do ciclismo, tomou conta dos celulares na noite de ontem. Não precisou muito tempo para os comentários maldosos e descabidos tomarem conta dos posts. “também, na modinha do ciclismo”, “ciclistas invadiram as ruas sem responsabilidade”, “não fez checkup”, já falavam os inquisidores de plantão.

Mesmo sem conhecer a realidade do esporte, da vítima, do acontecido, muita gente já fez seu julgamento prévio e encontrou o culpado: o ciclismo. Uma inversão de valores típica de uma cidade que cresceu ao redor de uma mesa de bar. De uma cidade que por muito tempo foi considerada a mais sedentária do Brasil. É importante lembrar que o mau súbito também poderia ser no bar, na praia, em casa, dormindo, entre outros…

Natal mudou nos últimos anos. Mudou muito. A cidade buscou alternativas esportivas, foi para as ruas correr, invadiu as boas academias que surgiram, conheceu esportes novos como cross fit e beach tennis, os campos Society se multiplicaram. Mais recentemente, durante a pandemia, o ciclismo cresceu. Ele não “nasceu” agora. Ele se desenvolveu diante da necessidade das pessoas praticarem atividade física. E ciclismo é ótimo em todos os sentidos. O ciclismo não é “assassino” de ciclistas. Não é mau. Ele invade sim as ruas e deve ter prioridade. Está na lei!

O ciclista, assim como qualquer desportista, precisa ter cuidados. Esporte é saúde, mas é necessário acompanhamento profissional. O ciclista precisa ainda ter um cuidado maior, por dividir o espaço público com o trânsito. Esse sim, o trânsito, é cruel, mata, não tem respeito, atropela literalmente.

Você ciclista, não se sinta diminuído ao lhe chamarem de “modinha”. Saiba que você escolheu um excelente esporte. Respeite o trânsito, mesmo sem o trânsito lhe respeitar. Respeite seus limites, tenha suporte profissional e ganhe as ruas.

Texto de Gabriel Negreiros