Bordadeiras de Timbaúba dos Batistas , cidade de pouco mais de 2,3 mil habitantes no interior do Rio Grande do Norte, foram as responsáveis por confeccionar as artes das roupas que serão utilizadas pelos atletas do Brasil na abertura dos Jogos Olimpícos de Paris, evento que ocorre nesta sexta-feira (26).
O trabalho foi feito nas jaquetas que serão usadas pela delegação, tendo sido bordadas imagens que representam a fauna brasileira, como tucanos, araras e onças.
Tudo foi feito de forma artesanal – peça por peça – pelas mãos das trabalhadoras da região Seridó do RN, polo desse tipo de atividade no estado. Os atletas vão usar as roupas em barcos que passarão pelo Rio Sena.
Esse, no entanto, não é o primeiro trabalho de relevância feito pelas bordadeiras, que já haviam confeccionado o vestido de casamento da primeira-dama Janja, em 2022, e a roupa que a socióloga usou na posse do terceiro mandato de Lula como presidente, em janeiro de 2023.
As bordadeiras visam ganhar mais visibilidade e romper novas barreiras ao mostrar a arte delas para vários países do mundo no evento.
“Fiquei muito feliz em pode participar de um trabalho tão importante e lindo, realizado por várias bordadeiras aqui de Timbaúba. Todas estamos muito agradecidas em pode levar nossa arte para o mundo”, comemorou a bordadeira Valdineide Dantas, de 34 anos, que participou da produção.
Segundo a Associação das Bordadeiras de Timbaúba dos Dantas, fundada em 1984, o trabalho foi feito por 80 trabalhadoras da cidade – que usaram lápis, agulha, goma e máquinas de costura. O trabalho inicialmente havia sido iniciado por 18 profissionais, mas aumentou devido à demanda.
O teste do uniforme foi feito em março deste ano, quando a atleta Bárbara Domingos, da ginástica rítmica, visitou a cidade e foi a primeira experimentar a roupa.
Mais de 2 mil peças em 5 meses
Foram, ao todo, mais de 2.484 peças confeccionadas e entregues em cerca de cinco meses – sendo o último lote em abril.
As bordadeiras de Timbaúba dos Batistas foram as responsáveis por reproduzir os desenhos – que já haviam sido criados pela Riachuelo, empresa fornecedora do uniforme – e depois bordá-los para que fossem enviados à fábrica, onde as artes foram aplicadas nas jaquetas.
Além do prazo curto, outro desafio para as bordadeiras foram os desenhos, segundo a coordenadora de Desenvolvimento Econômico e Artesanato do Município e presidente da Cooperativa das Mãos Artesanais de Timbaúba dos Batistas, Jailma Araújo.
“O nosso bordado tradicionalmente são rosas, flores, mais essa parte de cama, mesa e banho. A maior parte nunca tinha feito pássaro. Nós precisamos ensinar à maioria delas”, contou.
Em média, a criação de uma peça durava até 8 horas, segundo contou a bordadeira Valdineide Dantas.
A presidente da cooperativa, Jaílma Araújo, contou ainda que muitas das bordadeiras tem outras profissões nas quais trabalham durante meio período. Segundo ela, isso foi motivado também por crises pela qual a atividade passou.
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