‘Mais comum do que se imagina’, diz médica sobre improvisar ‘respiradores’ em hospitais

A médica Ellenn Salviano, que usou uma embalagem de bolo como um respirador para salvar a vida de um bebê de três meses no interior do RN, disse que improvisar esses equipamentos é “mais comum do que se imagina” na rotina do Sistema Único de Saúde (SUS).

Ellenn trabalha em três hospitais públicos e no Serviço de Atendimento Médico de Urgência no RN e conta que, em uma semana, fez três “respiradores improvisados”.

“Não é um fato isolado meu, do hospital, eu acho que é de todos os serviços que fazem parte do SUS. Eu já perdi a conta de quantos hoods improvisados eu já fiz nesses 9 anos de medicina. Infelizmente é mais comum do que se imagina”, disse.

Hood é uma espécie de capacete de acrílico usado para aumentar a concentração de oxigênio em torno da cabeça da criança. Segundo a médica, o equipamento custa, em média, R$ 500.

A médica ressalta a parceria e o empenho da equipe para que os pacientes tenham o atendimento necessário. “Eu tenho uma equipe a gente não precisa escolher paciente, não precisa escolher problema. O problema vem e junto com a equipe eu sei que a gente vai dar um jeito, o paciente vai ter o atendimento que precisa”.

“Eu trabalho em serviços particulares, é fácil, eu tenho tudo à mão, mas no SUS não. No SUS eu tenho que sair de casa pensando todos os dias como é que eu vou me reinventar”, diz.

Sindicato dos Médicos: improvisos são frequentes

O presidente do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed), Geraldo Ferreira, disse que a entidade recebe frequentes denúncias de improvisos, principalmente de atendimentos nos hospitais de urgência e emergência e das Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs).

“Eu digo que os médicos fazem o que podem, mesmo correndo risco de, vamos dizer, serem considerados corresponsáveis se algum problema acontecer com esse paciente. Mas é melhor agir do que deixar sem fazer, porque aí o paciente morre”, disse Geraldo Ferreira.

O presidente do Sinmed citou ainda casos de improvisos no uso de medicamentos e fios inadequados em tratamentos e procedimentos cirúrgicos.

“São antibióticos que seriam aplicados naquele caso, mas que não têm. E são usados antibióticos que não são os mais adequados. Mas que, entre usar e não usar, é melhor usar”, disse.

G1/RN

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