Morador que escapou da morte em condomínio no Tirol narra momentos de terror ao lado do médico Cristian Cyro

O professor de educação física Francisco Freitas, 49, conhecido como Chicão, costuma usar a escada do condomínio onde mora, o Hanna Safieh, em Petrópolis, na zona Leste de Natal, para se exercitar com a esposa. Na sexta-feira (19), no entanto, a mulher preferiu treinar logo pela manhã. E Chicão deixou para realizar seu exercício no fim da tarde.

Ele desceu do 33º andar – de elevador – para a recepção do prédio, onde pegou uma encomenda e levou para seu carro, no subsolo. Dirigiu-se às escadas, ajustou seu fone de ouvido e começou a subir em aquecimento, enquanto conversava no WhatsApp com alunos.

Em mecanismo automático, Chicão serpenteava os lances de escadas, subindo sem prestar atenção. Foi depois do décimo andar que o piloto automático de sua atividade foi desligado, quando ele se deparou com oftalmologista Cristian Cyro Bezerra, no alto do lance de escadas segurando uma pistola nove milímetros, apontada diretamente para o nutricionista.

Chicão ainda avançou três degraus até perceber o que estava acontecendo. Parou de chofre e fixou o olhar no médico, descrito ao Blog do Dina como visivelmente transtornado. Esboçando um sorriso amarelo para tentar quebrar o gelo, Chicão balbuciou:

– Que é isso, amigo?

Cristian agitava a pistola na mão. Uma distância de pouco mais de um metro separava ele de Chicão. Do alto do lance de escada, com sua pistola, governou decidido:

– Bora, desce!

Chicão se preparava para cumprir a ordem de boa vontade, quando o médico disparou com a arma apontada para o nutricionista, e várias coisas aconteceram ao mesmo tempo.

O descontrole mecânico com que Critian manueava a arma fez a mira para Chicão se extraviar. O tiro foi acertado na parede e estilhaços de projetaram sobre o nutricionista, que saltou para trás em disparada, pulando degraus. Um novo tiro foi disparado.

Chicão descia desgovernadamente as escadas enquanto ouvia os passos de seu algoz no lance de escada imediatamente superior ao seu. Nem percebeu que torcera o tornozelo.

No ímpeto de sobrevivência, Chicão silenciou os próprios movimentos e abriu a porta corta-fogo no patamar em que se encontrava. Era o décimo andar. Avançou sorrateiramente pelo hall e chamou o elevador, subindo para o 33º andar, de onde chamou ajuda.

Já era noite de sexta quando a polícia precipitou viaturas na Rua Jundiaí, onde o prédio está situado.

A ocorrência agora evoluía para negociação com o médico para que ele se entregasse. Sem resultado, o médico pôs fim ao caso abreviando a própria vida. Ao relembrar os eventos, Chicão, analisa o caso com um ponto de vista de compaixão.

– Ele era uma pessoa boa que teve um dia ruim. Acho que ele ia se matar nas escadas, e acabou se deparando comigo. Que Deus conforte a família nesse momento tão doloroso – comentou ao Blog do Dina.

Cristian foi descrito por moradores como alguém pacato, mas que vinha atravessando problemas de ordem pessoal.

Blog do Dina

Deixe um comentário